Páginas

segunda-feira, 2 de maio de 2016

O circuito cerebral da maldade


Psicopatas têm uma conexão mais “frouxa” entre áreas neurais que processam as emoções, mostra um estudo da Universidade de Chicago. Usando a tecnologia de ressonância magnética funcional (fMRI), a equipe coordenada pelo psicólogo Jean Decety captou imagens do cérebro de 121 presidiários enquanto olhavam fotografias de pessoas sentindo dor em situações corriqueiras, como prendendo o indicador em uma gaveta ou topando a unha do dedo do pé na parede. Eles foram orientados a imaginar aquilo acontecendo com eles mesmos ou com alguém próximo – uma conhecida técnica de mudança de perspectiva que costuma despertar a empatia, isto é, a capacidade de reconhecer e experimentar os sentimentos alheios.

A resposta neural de todos os voluntários foi equivalente quando se imaginaram na situação: foram acionados, normalmente, centros de percepção da dor e das emoções. O resultado, porém, foi diferente quando eles pensaram em outra pessoa. Presidiários que tiveram pontuações mais altas em um teste que avaliava os níveis de psicopatia, aplicado antes do experimento, revelaram menor coordenação entre o funcionamento da amígdala – região crucial no processamento de emoções, principalmente o medo –, e do córtex pré-frontal ventromedial, área com participação importante no autocontrole, na empatia e na moralidade. “Algumas imagens até sugerem que foram ativadas regiões associadas ao prazer”, diz Decety.

Segundo o psicólogo, algumas áreas que se comunicam de maneira menos eficiente na psicopatia “são essenciais para experimentar a sensação de se importar com o outro, característica que parece de todo ausente nos psicopatas”. Decety acredita que em breve estudos com neuroimageamento poderão ser úteis para avaliar a eficácia do tratamento com terapia cognitivo-comportamental (TCC) para a psicopatia. “O fortalecimento das conexões pode ser indicativo de que as estratégias para estimular a empatia estão dando certo”, diz.

Fonte: UOL

O sentimento de culpa diante da tristeza






por

Falar sobre ansiedade, angústia, depressão ou simplesmente uma profunda tristeza me parece mais simples em países desenvolvidos economicamente e socialmente. Falar de tristeza subjetiva em um país onde milhões de pessoas morrem de fome ou perdem um ente querido por conta da violência urbana parece um ato de futilidade.

Muitas vezes, quem padece de uma tristeza existencial ou romântica sofre duplamente. Sofre pelo problema, pela dor em si. E sofre também por se sentir culpado por algo aparentemente menos grave ou importante. Mas não existe dor pequena. Dor é dor. O tamanho da dor depende da natureza e da percepção de cada um. Depende da bagagem de vida de cada um. Depende dos traumas. Depende do nível de cansaço. Sim, sofrer cansa. Cansa muito. Sofrer repetidas vezes pelo mesmo tipo de drama, pelo mesmo tipo de situação repetitiva pode ser uma verdadeira tortura para a alma.

Quando nos deparamos com desafios e problemas novos, instintivamente nos enchemos de energia para transpor a barreira. Para dizer a nós mesmos que arrumaremos um caminho para superar o drama. Quando uma questão começa a se repetir de forma insistente, começamos a perder a força e a vontade de resolvê-la. Como já pressentimos de que ela voltará a se repetir outras vezes, num ciclo a moda Prometeu acorrentado, nos sentimos desanimados diante de algo que já esgotou todas as suas possibilidades conosco. É o mesmo que ver um filme insuportável e brutal por 20, 30 vezes, enjoando, vomitando e chorando nas mesmas cenas.

Vivenciar o mesmo drama inúmeras vezes não nos torna mais aptos para enfrentá-lo. Muito pelo contrário. Cria uma saturação, uma espécie de reação alérgica que se torna cada vez mais forte e feroz a cada regresso. Os velhos antibióticos já não funcionam mais e o pavor da antecipação de novas situações similares nos tira a coragem para superar. Mas por que perdemos esta coragem? Sou leiga no tema . Falo baseada por experiências vividas e presenciadas. Creio que perdemos a vontade de superar porque sabemos que após a superação virá um período de calmaria. E logo em seguida, uma nova crise. Ao não desejarmos a superação, não estamos buscando o sofrimento. Muito pelo contrário. Não queremos superar para não entrarmos em um novo ciclo de desespero e frustração ainda mais intenso e perturbador do que o anterior.

Falar de amor, vida a dois, insatisfação na carreira, decepção com os amigos e parentes é algo muito complicado em uma sociedade como a brasileira. Sim, parecemos fúteis, as pessoas mesmo sem querer nos julgam e nós mesmos nos julgamos.

O Brasil é terra hostil para os deprimidos, para os românticos incorrigíveis, para os atormentados existenciais. Se acusam a neve e as baixas temperaturas de promotoras da depressão em países frios, o sol quente, os dias claros e o povo sempre sorridente mesmo com tantas mazelas sociais pode ser o mais nefasto cenário para quem padece dos males da alma.


© obvious: http://obviousmag.org/cinema_pensante/2015/04/-o-sentimento-de-culpa-diante-da-tristeza.html#ixzz47Xm1fPpj






 Por Vironika Tugaleva


Minha viagem pelas profundezas do ódio, do sofrimento suicida e da luta pela auto-aceitação me ensinou que o amor próprio não é apenas uma hortelã que decora o jantar . Ela é uma parte essencial para sermos pessoas felizes e saudáveis.

Quando não nos cuidados, seja em qual esfera de nossas vidas for, aparecerão sintomas perigosos que, em algum momento, não poderão mais ser ignorados.

O primeiro passo para superar qualquer tipo de sofrimento é a auto-consciência e é nisso que eu espero que a lista a seguir possa te ajudar.

Se você está exibindo qualquer um dos cinco sinais de falta de estima dos listados abaixo, eu espero que você separe um tempo depois de ler este artigo, e busque se reconectar com a pessoa mais importante em sua vida: você.
1. Você sente ciúmes da felicidade, do sucesso e dos relacionamentos das outras pessoas

Quando uma pessoa está bem consigo mesma, ao deparar-se com alguém que tem coisas que ela deseja, a reação tende a ser de admiração e respeito. Arregalam-se os olhos e a atenção fica toda voltada para alguém que conquistou algo desejável e tem muito a ensinar. Olhamos essa pessoas como uma inspiração a ser seguida.

Entretanto, quando a pessoa tem a estima baixa, ao ver alguém que possui qualidades que ela deseja (ou pensa que deseja), a reação é de ciúmes, sentimento de injustiça (como se todo mundo tivesse o que ela quer, menos ela) e até mesmo raiva.

A sensação de ciúme pode ser tão intensa que pode se transformar em ódio e a pessoa pode ter vontade de destruir o que o outro tem. Mas, na verdade, todo esse ódio está em si e em sua cegueira para enxergar seus próprios potenciais.

PS: um pouquinho de ciúme é saudável, a falta de respeito e amor próprio reside na intensidade.

2. Você mente mais do que deveria

Aqueles que cronicamente usam de mentiras para mascararem suas realidades muitas vezes estão buscando a aprovação e a aceitação dos outros.

Quando a pessoa está bem, a aceitação e a aprovação das pessoas estão constantemente acessíveis, pois elas vem de dentro e, mesmo que a pessoa ouça algo que não é tão legal, no fundo ela sabe que tem valor e que, se for o caso real, pode melhorar porque quer. Em um estado de auto-julgamento negativo, no entanto, a pessoa sente pouca aprovação e sua mente está subconscientemente se apegando a qualquer informação que possa “valorizar” um conceito pessoal com uma “pequena” mentira. Ou seja, enfeita-se o externo, mas o interno não se aceita.

Agindo assim, você pode perder sua integridade em troca de algumas sobrancelhas levantadas. Mas não se preocupe, esse padrão é facilmente corrigido e não tem que se tornar patológico! Preste atenção a quem você realmente precisa agradar!
3. Você acha difícil se exercitar, comer bem, ou quebrar maus hábitos

Quando você ama alguém, você não quer machucá-lo.

Você nunca coloca cigarros ou rosquinhas na boca do seu bebê recém-nascido.

Você nunca priva o seu cão de estimação de sua caminhada diária. (espero)

Quem se ama, sabe que é necessário parar e se envolver nos rituais diários de alimentação e cuidados com suas mentes e corpos. Estes rituais são conseqüências naturais da bela amizade consigo mesmo.

Se você achar que é difícil cuidar de si mesmo, talvez você precisa ter um momento para se apaixonar por si mesmo. Quem se ama, se cuida.
4. Você só se sente feliz quando tudo está indo bem.

Isto pode parecer uma coisa perfeitamente normal. Por que você seria feliz quando as coisas não estão indo bem?

Acontece que isso é exatamente o que acontece com as pessoas que tem uma estima boa.

Pense na sua vida como uma aventura. Se você é louco por seu parceiro de viagem, o avião pode atrasar e a comida pode ter gosto de papelão e você ainda vai aproveitar. Você vai dar risada falando sobre isso. Por outro lado, se você está entediado ou insatisfeito com seu companheiro, essas pequenas coisas vão te deixar louca.

Esse é o poder de um relacionamento amoroso consigo mesmo. Quando as coisas ficam difíceis, você pode rir, dar de ombros e até se alterar um pouco, mas depois tentará novamente. Quando as coisas ficam realmente difíceis, você sabe que levará algum tempo para processar, e assegurar-se de que tudo vai ficar bem, mas vai ficar.
5. Você está se “incomodado” por exibir qualquer um dos sinais acima

Se você está se sentindo vergonha ou temor por ter se visto como uma pessoa sem amor próprio, isso é um sinal infalível de que você já está se julgando.

Aqueles que estão com estima baixa geralmente são especialistas em estabelecer normas para si. Eles se medem em números e expectativas. Quando eles descobrem que eles não estão estão atingindo esses alvos (muitas vezes irrealistas), ficam cabisbaixos e desgostosos.

Eu sempre digo: o auto-aperfeiçoamento sem auto-amor é como construir uma casa sobre a areia. Você pode construir e construir, mas sempre vai afundar.

Você precisa construir uma base de auto-aceitação incondicional sob essas realizações e expectativas.

Eu me considero uma sobrevivente da terrível doença da falta de amor. Entretanto, depois que eu estabeleci um relacionamento comigo mesma, eu vi a minha relação com o meu corpo, minha mente, minha família, meu parceiro, meu passado – com tudo e todos os outros – melhorar drasticamente.

Vivemos em uma época onde todo mundo está sempre tentando corrigir seus próprios erros, mas se esquecem de que a coisa mais importante que podemos sempre corrigir é a linha de comunicação entre o nosso coração, nossa mente e nosso espírito.

Agora, sobre a você. O que você vai fazer para se amar mais?

Ler mais: http://www.contioutra.com/5-sinais-de-que-voce-nao-se-respeita/#ixzz47XjV4tFL

Educar sem bater 8 maneiras de dar a volta ao mau feitio do seu filho 8 boas práticas para educar e disciplinar o seu filho Leitura ajuda à integração social de crianças com autismo e síndroma de Down Educação positiva Newsletter Fique a par das novidades do SAPO Lifestyle. Todos os dias. Grátis. No seu e-mail. Subscreva a newsletter Últimos Loulé distribui bicicletas por escolas para uso partilhado entre alunos Mulheres têm o primeiro filho aos 30 e muitas delas não querem mais nenhum MEO Kids e Prevenção Rodoviária Portuguesa lançam novos conteúdos para app “Vida na Estrada” Câmara de Viseu lança orçamento participativo dedicado às escolas PSD exige que Governo tome posição sobre projeto pediátrico "O Joãozinho" no Porto Uma palmada não traz nada de positivo para a criança, revelam 50 anos de estudos


Por: Susana Krauss

De acordo com um novo estudo publicado no Journal of Family Psychology, quanto mais os pais batem nos filhos maior a probabilidade destes os desafiarem e de no futuro aumentarem os comportamentos anti-sociais e níveis de agressividade, assim como problemas mentais e cognitivos.

Investigadores analisaram 50 anos de pesquisas sobre o efeito de bater numa criança, com base em dados recolhidos em 160 mil crianças.

Esta nova pesquisa focou-se nas palmadas ou estaladas e não em comportamentos abusivos. "O estudo demonstrou que quando os pais batem nos filhos com o intuito de os disciplinar, essa atitude não traz fatores positivos no comportamento da criança, como ensinar-lhe uma lição", revela Elizabeth Gershoff, professora de desenvolvimento humano e ciências da família da Universidade do Texas, nos Estados Unidos.

Apesar das pessoas pensarem que dar uma palmada e abusos físicos são conceitos completamente diferentes, a verdade é que esta pesquisa revelou que os efeitos na criança são os mesmos.

Outra das conclusões revela que os adultos que levaram umas palmadas dos pais em criança, continuaram a fazê-lo na idade adulta com os seus próprios filhos.

Nos Estados Unidos, por exemplo, 81% dos pais considera que uma palmada é apropriada numa determinada situação.

"Esperamos que com este estudo, os pais pensem em formas alternativas e positivas de disciplinar , sem ser através da palmada", conclui Elizabeth Gershoff.

Fonte: Sapo

Como nosso cérebro reage depois de um término?


Por Daiana Geremias

A não ser que você seja uma pessoa extremamente evoluída emocionalmente e que, como se não bastasse, tenha namorado alguém assim também, o fim de um relacionamento é quase sempre traumático, mesmo quando imaginávamos que a relação estava prestes a acabar. Não importa se é por falta ou excesso de amor, se é por uma questão de fidelidade ou comodismo, ver o fim de nossa história romântica faz com que a gente se sinta péssimo.

Nessas situações de rompimento, especialmente pela ótica da pessoa que leva o famoso “pé na bunda”, o cérebro age de uma maneira específica, dentro do que alguns pesquisadores chamam de “paixão reversa”.
O vício do amor

Mesmo quando não é correspondido – e especialmente antes de sabermos disso –, o amor nos faz mais felizes, mais bobos, mais sorridentes e alegres. É uma droga, portanto, que afeta até mesmo nossos batimentos cardíacos e faz com que nosso cérebro libere substâncias capazes de nos deixar eufóricos – é difícil não “viciar”.

Depois de um tempo ao lado da pessoa amada, seu corpo se acostuma a sentir todos esses efeitos prazerosos. Eles diminuem com o passar do tempo, mas, se a relação acaba, seu cérebro entra em pane e fica obcecado tentando sentir de novo a mesma emoção do início do namoro. Essa vontade absurda de experimentar a “droga” novamente e a noção de que a realidade é diferente nos coloca, literalmente, em um estado de pane mental e emocional.

Nesse sentido, tudo o que nos lembra da pessoa (fotos, músicas, cheiros, lugares) acaba ativando nosso mecanismo cerebral de recompensa, que é a mesma área que se liga em usuários de drogas, especialmente da cocaína e da nicotina. E, olha só, é a mesma área que brilha como fogo quando as pessoas estão perdidamente apaixonadas e não conseguem pensar em nada além do ser amado.

Essa região de recompensa, quando está acionada, bombardeia nosso corpo com dopamina, que ativa a nossa vontade de querer sempre mais. O desejo absurdo de experimentar mais dessa sensação nos motiva a procurar coisas que nos deem esse mesmo prazer. No caso de uma relação amorosa, essa “coisa” que queremos de novo é justamente a pessoa que acabou de nos abandonar. Aí complica.

Como você não tem acesso à “droga” em questão, seu cérebro vai continuar importunando a sua vida, de modo que seu sistema de recompensa vai fazer com que você tenha comportamentos realmente idiotas, como encher a cara e ligar para o ex ou sugerir “uma última noite de amor”.

A neurocientista Lucy Brown, que estuda a forma como o cérebro lida com o amor, explica que o término de relações românticas é mais difícil de ser superado porque esse esquema de recompensa do amor acaba comprometendo regiões primárias do cérebro. “Uma rejeição amorosa é uma coisa que muda a vida e envolve sistemas que estão no mesmo nível de sentir fome ou sede”.

Toda essa questão tão intensa nos faz ter sensações físicas e, inclusive, dor. O peito fica mais apertado, o estômago embrulha e, se isso for pouco para você, talvez ainda apareça aquela sensação típica de quando se recebe uma notícia ruim.

Pesquisas recentes revelaram que não é apenas nosso centro de recompensa que entra em pane depois do fim de um namoro. Regiões cerebrais responsáveis por controlar o stress e a nossa resposta à dor física também são afetadas quando um relacionamento acaba. Então, ainda que as áreas do cérebro vinculadas à dor em si estejam “desligadas”, as que lidam com a resposta da dor acabam nos deixando ansiosos da mesma forma que ficamos quando algo muito ruim acontece.

Infelizmente, esse tipo de dor e de sensação horrível pode durar algum tempo antes de você dizer que superou o fim. Se você quer uma estimativa mais precisa, Brown explica que a superação pode demorar de seis meses a até dois anos – nesse meio tempo, o fundamental é evitar as famosas “recaídas”, exatamente como nos casos de usuários de droga.

Ainda que dois anos pareça tempo demais, saiba que esse processo é natural e acontece com a maioria das pessoas. Separações são difíceis porque interferem justamente em um sistema que nos conecta com outros indivíduos. Na tentativa de nos manter unidos, nosso cérebro faz toda essa confusão. No caso de pessoas que querem reatar, esse processo todo é vantajoso, agora, quando a ideia não é voltar à relação, isso dói quase tanto quanto quebrar um osso. Todo dia.

Você deve ter percebido que falamos apenas do lado de quem sofre com o fim do relacionamento, e, nesse sentido, a Ciência só nos prova que a vida realmente não é justa: cientificamente falando, não se sabe quase nada sobre como funciona a cabeça de quem deixa de amar alguém e resolve colocar o ponto final na relação.

Ao que tudo indica, talvez nosso cérebro tenha um mecanismo de “desapaixonamento lento”, que vai enfraquecendo nossas conexões cerebrais aos poucos de modo que, com o passar do tempo, a vontade de ficar com a pessoa simplesmente vai embora.
Tem cura?

Há evidências que nos mostram que o cérebro humano já tenta nos fazer seguir em frente logo depois do fim de um relacionamento. Nesse sentido, podemos nos apegar àquilo que mais nos motiva e nos deixa felizes. Felizmente, da mesma forma que somos inundados por uma sensação de dor e desejo de ter a pessoa de volta, também recebemos estímulos cerebrais para mudar de comportamento.

Parece uma bagunça – e é exatamente isso –, mas nosso cérebro faz tanta confusão assim com uma boa intenção: ele só quer nos ver bem de novo e, por mais que pareça exatamente o contrário, a ideia é regular nossas emoções e, dessa maneira, seguir em frente.

O importante é manter em mente que, apesar de essa recuperação ser demorada, a obsessão romântica eventualmente vai acabar e você vai superar o fim. A dica de Brown é simples: quando seu cérebro trouxer lembranças do ex, em vez de focar nas coisas boas, o ideal é se lembrar apenas das negativas – é cruel, mas é isso que vai acelerar o processo de cicatrização.

“Bondadismo” – A doença do bonzinho


 

“Bondadismo” não é um termo clínico, mas pode ser conhecido também como “Síndrome do Bonzinho”.

Afinal, você anda se sentindo explorado pelas pessoas? Sente que tem dificuldade de dizer “não”, mesmo para quem te faz mal? Caso a resposta seja “sim”, então esse texto poderá te ajudar.

Esse problema é mais comum entre mulheres por serem mais afetivas, e algumas, por terem sido fortemente influenciadas na infância com uma cultura de total submissão por parte do pai e da mãe.

Nos homens, um dos motivos recorrentes é a insegurança que talvez tenha tido sua origem na ausência do pai. Eles não são assertivos, e temem conflitos externos. Por isso aceitam tudo que lhes é imposto.

Não é fácil chegar a conclusão sobre quem pode ou não sofrer de “bondadismo”. E temos que tomar cuidado para não confundir qualidades como generosidade e bondade – pois essas são espontâneas – elas não carregam nenhuma segunda intenção e nenhum tipo de barganha.

A bondade do bonzinho (a) é fruto de uma carência que deseja colecionar amigos e admiradores. Eles usam seus favores para manipular e terem aceitação. Pois sabem que dificilmente alguém terá a coragem de dizer alguma coisa contra sua “boa vontade”.


Algumas características do “bonzinho”:
  • Eles carregam a obsessão de serem reconhecidos como “pessoa boa”.
  • Geralmente são carentes ao extremo e sentem uma necessidade enorme de serem reconhecidos pela “bondade” que praticam.
  • São pessoas um tanto depressivas. O fato de nunca serem tratadas de acordo como tratam os outros, as deixam profundamente tristes.
  • Oferecem-se sem limites, e ficam aflitos para prestar favores mesmo que não sejam solicitados.
  • Se zangam quando as pessoas põem limites em sua bondade.
  • Se magoam e se frustram facilmente. São hiper sensíveis.
  • Eles nunca conseguem dizer “não”, mesmo quando são explorados pelos outros.

6 dicas que podem te ajudar a se livrar desse comportamento auto destrutivo:

  1. O bom senso exige equilíbrio. É necessário que você aprenda a respeitar o espaço e a intimidade das pessoas.
  2. Regra básica: Você só será amado quando desenvolver a capacidade de se amar primeiro.
  3. Nunca preste um favor do qual não tenha sido solicitado. Exceto em situações emergenciais.
  4. Entenda que nem todos gostarão de você. E isso não deve ser encarado como um defeito seu, e sim consequências naturais da vida e questões de afinidade.
  5. Pratique a bondade e generosidade. Mas coloque limites em si mesmo. Lembre-se de que nem todos querem ou precisam da sua ajuda.
  6. Não dê tanta importância aos julgamentos alheios. Aprenda a dizer “não” quando necessário for.

Conclusão:

Lembre-se que até bondade em excesso faz mal, como tudo na vida. Nossa generosidade deve ser fruto de um coração limpo de qualquer interesse ou carência, e deve estar baseado apenas em nosso caráter. Não seja “bonzinho”, seja bom.

Texto Original: Caminhos

7 dicas para quem convive com a Síndrome do Pânico


A síndrome do pânico é um transtorno psiquiátrico que exige diagnóstico exato e tratamento correto. As crises são bastante desagradáveis, e algumas dicas podem auxiliar a complementar o tratamento. Confira as dicas do psiquiatra e clínico geral Cyro Masci:

1. Respire . Durante as crises de pânico a respiração fica bem alterada, o que piora muito o quadro. Inspire lentamente pelo nariz, retenha por pouquíssimo tempo o ar nos pulmões e exale também lentamente pelo nariz. É muito importante que o tempo que o ar sai, a expiração, dure o dobro do tempo que levou para entrar. Se você inspirou, por exemplo, por 2 segundos, a expiração deve durar 4 segundos. Mantenha essa respiração controlada por 30 a 60 segundos. Treine antes das crises.

2. Incomoda mas não mata. Sintomas de pânico são bem desagradáveis, mas não levam a morte. Tenha sempre presente que sensação ruim não significa que alguma doença grave está presente, especialmente depois que algum médico assegurou esse fato.

3. Mude o foco da atenção. Ao invés de ficar focado nos sintomas, procure desviar sua atenção para alguma outra coisa, um cenário, uma foto, ou alguma imagem relaxante que você tenha de algum lugar que conheceu. Ficar prestando atenção aos sintomas só cria mais medo.

4. Não fique muito tempo sem comer. Até mesmo 3 ou 4 horas sem se alimentar pode provocar queda dos níveis de açúcar no sangue e provocar uma crise de pânico. Coma periodicamente, não fique em jejum prolongado.

5. Seja seletivo com as notícias e informações que procura. Não estimule seu cérebro com catástrofes desnecessariamente, por exemplo, com notícias em que você não pode fazer nada a respeito e só servem para colocar seu cérebro em alarme e facilitar mais crises.

6. Restrinja cafeína. Café no máximo 4 ao dia, sendo que o último até as 17 horas, ou você pode provocar insônia. Excesso de cafeína pode, isoladamente, provocar crises de pânico.

7. Não tente guardar tudo na memória. Faça uma lista simples do que tem que fazer durante o dia e vá ticando quando completa. Se não fizer isso, vai criar um senso de urgência indefinido que só piora tudo.

Texto Original: Saudeplena

Um leão por dia


Por


Se na vida profissional estamos diariamente habituados a enfrentar vários problemas, na vida pessoal não é diferente. Convivemos com pessoas diferentes, lugares diversos e variações do que nós mesmos somos a cada instante.

Mas, neste exato momento, sou capaz de perceber nitidamente o equilíbrio entre todas as coisas. Há dois dias recebi uma noticia tão boa, que não era capaz de tirar o sorriso no rosto. Algo muito bom e ao mesmo tempo profundo havia acontecido em meu âmbito profissional, que ia além do significado de trabalho. No mesmo dia, mais tarde, sofri uma decepção que me tirou o chão. Senti o choro preso na garganta, tamanha a frustração e surpresa.

Mas diz o velho ditado: “A vida não dá uma carga maior do que se possa suportar…”.

A dor que ainda carrego roubou minha paz e me tirou o sono. Me encheu de dores que ainda latejam e apertam meu peito. E para algumas decepções não há remédio. Encara-se com resiliência, à espera da cura que vem com o tempo.

E então vem a vida com toda sua sabedoria trazendo o equilíbrio.

Como num passe de mágica outro problema se resolveu. Algo estagnado por anos se aperfeiçoa, sai do lugar, dando chegada à maturidade para tal situação, que até então fora pesada e amarga. Do nada, o que feria, agora me ajuda a levantar. E agradece por tanto que havia ficado lá atrás.

Com toda a rebeldia que vivi em minha juventude, vejo com clareza a diferença que existe em aceitar a vida como ela é e como ela acontece: as coisas como elas são, as pessoas como elas são. E as situações como elas acontecem. Tudo é aprendizado. E tudo é equilíbrio.

A vida tira de um lado e devolve do outro. Uma coisa melhora aqui e outra piora ali. Aos trancos e barrancos, se temos maturidade, aprendemos lições de cada situação de cabeça erguida, com gratidão no coração, por tudo o que chega e também pelo que se vai. Se chegou, encaramos. Se se foi, aceitamos. Nada é em vão.

Entre sentimentos que vão e vêm com todos os furacões que acontecem em nosso caminho, sentimos a tormenta sim. Mas ela dói menos quando é encarada, sem medos e sem vitimização. Mereço passar por isso? Não sei. Nem que seja apenas para uma pequena lição, decido aprender e seguir em frente.

Meu coração ainda dói. E se digo que dói, é porque realmente dói. Mas eu sou responsável por onde foco meus pensamentos e sentimentos. Decido então olhar para a notícia de dois dias atrás e também para tudo que veio depois. Apesar do peito apertado, dou condição a mim mesma, de olhar para um futuro melhor, mesmo quando a dor se faz presente.

É como estar com um dedo queimado. Lateja e incomoda, sei que vai demorar para passar. Mas posso ainda com o dedo latejando levantar e brincar, me distrair da dor e assim atrair mais daquilo que me faz bem, não importando o que ou quem queimou o meu dedo, mas assimilando o meu próprio poder em tempo presente de conviver com o que machuca, já atraindo a felicidade que irá me curar.

Leva-se tempo para tal aprendizado. Matamos vários leões por dia, mas com os anos, muda-se a forma de como fazemos isto. Agimos com gratidão e coragem.

E a vida retribui com flores!

Tome Consciência


"As pessoas mantêm-se ocupadas porque elas acham difícil suportar a sua própria consciência. As pessoas procuram por vários entretenimentos para escaparem de si mesmas. O maior desafio está em olhar para si mesmo, sentado sozinho."

Nisargadatta Maharaj

6 coisas que mudam quando começamos a viver com outra pessoa


Casar com uma pessoa, aceitar dividir a vida com alguém, viver no mesmo espaço que outro indivíduo tem implicações diretas nos seus hábitos e no seu dia a dia. Prepare-se para não ser apanhada de surpresa e evite dissabores desnecessários. E porque a melhor preparação que pode ter passa pela tomada de consciência das coisas que vão mudar, nós dizemos-lhe as 6 coisas que vão mesmo mudar a partir do momento em que começar a dividir o mesmo espaço que o seu companheiro.

1. As coisas não vão estar no mesmo lugar que as deixou

A consequência direta da convivência é as suas coisas ganharem vida própria e saírem do lugar normal onde as costuma ter ou arrumar. O seu espaço deixa de ser individual para passar a ser coletivo. Isso significa que na mesa de entrada onde costumava ter apenas as suas chaves e a correspondência vão passar a estar também as chaves dele, as cartas dele, as revistas dele. Encontrar as coisas vai tornar-se mais complicado. E quem fala da mesa de apoio que tem no seu lobby de entrada, fala da sua mesa-de-cabeceira, do seu roupeiro (que deixará de ser apenas seu), do seu armário de casa de banho. Partilhar uma casa também é partilhar estes pequenos espaços individuais.

2. A sua cama já não é só sua.

Tem o hábito de dormir atravessada sobre a sua cama ocupando todo o espaço, de braços e pernas estendidos como lhe apetece, sem preocupações ou pudores? Talvez terá de mudar esse hábito e optar por posições que ocupem apenas um lado da cama. As primeiras semanas de convivência talvez sejam complicadas, mas com o tempo os hábitos ajustam-se. E também há vantagens nesta cedência de espaço: pés quentinhos todos os dias, mesmo nos dias mais frios de inverno.

3. O comando da televisão também não!

A não ser que queiram passar tempo em divisões diferentes da casa, terá de prepare-se para fazer algumas cedências neste departamento. Façam programas juntos.

4. As visitas dos seus familiares e amigos terão de ser planeadas.

Receber visitas já não vai ser como era e vão ganhar novas regras. Não se esqueça que, agora, o seu espaço é dividido com outra pessoa e por isso terá de haver uma concordância entre os dois. Deve respeitar, também, uma vez que podem não ser os mesmos e não convém que tenha convidados em casa numa altura em que a sua cara-metade precisa de estar também em casa a descansar, por exemplo. Vai precisar de criar uma estratégia para gerir os convidados. No inicio pode custar-lhe não poder receber os seus pais ou amigos quando quiser no entanto, rapidamente, verá que existem várias vantagens nisso.

5. O valor das compras irá duplicar

Pense e repense na sua gestão semanal e diária do dinheiro. É verdade que a renda e as despesas passam a ser divididas e mais fácil de pagar mas é, também, verdade que as contas do supermercado dupliquem. Prepare-se para essa diferença e combine com a sua cara-metade uma estratégia para lidar com esta questão.

6- A intimidade

Sim, quando falamos de intimidade falamos de sexo! Irá notar uma diferença na sua vida sexual, a frequência e a ousadia podem diminuir. A vida sexual é bastante importante para para ter uma relação saudável e feliz por isso não se deixem levar pela rotina e apostem em fazer surpresas um ao outro desde uma noite no hotel a um fim-de-semana fora como faziam em solteiros.

Parece-lhe um desafio complicado? Pense que todos temos defeitos e todos devemos fazer sacrifícios e aceitar as pessoas como elas são. Afinal foi por aquela pessoa que se apaixonou! Acredite que, partilhar a sua vida com a sua cara-metade, vão torna-la a si e à sua relação ainda mais felizes. Vivam o vosso mundo encantado da melhor forma e, essencial, aceitem-se como são!

Texto Original: Sapo

Solidão realmente pode matar


Por

Ninguém morre de amor. Mas se você estiver longe dos amigos e da família sua vida pode durar menos do que você espera. Por via das dúvidas, para fugir dos riscos, o CIÊNCIA MALUCA recomenda: convide um amigo para tomar um café imediatamente após ler este post.

É sério, uma pesquisa realizada por médicos americanos pode te convencer disso. Eles avaliaram se morar sozinho aumentava a chance de morrer. Entre as 45 mil pessoas investigadas – e mortas –, cerca de 20% levavam uma vida solitária. Viver sem amigos cortou, em média, 4 anos da vida dessa galera.

Segundo os pesquisadores, o isolamento social parece deixar as pessoas mais estressadas (os hormônios ficam desregulados), distantes do sistema de saúde e aumentar a chance de sofrer algum problema no coração. Além disso, viver sem ninguém acaba com a influência positiva que qualquer um pode causar em você (tipo quando alguém quer levantar o seu humor…).

Só fogem da regra os senhores com mais de 80 anos. Eles parecem não se abalar muito com a solidão. Não é pra menos, já imaginou quantas pessoas eles já viram ir embora? Dá quase pra se acostumar, né?

Outro estudo da Universidade da Califórnia acompanhou por seis anos mais de mil voluntários – solitários ou não. E chegou à mesma conclusão. Entre aqueles que se sentiam sozinhos, o risco de morte era quase 9% superior ao dos velhinhos cheios de amigos e as chances de ter algum problema nas atividades motoras subia quase 12%.

E aí, já marcou o café?

Texto Original: Superinteressante

Padrões de beleza que adoecem



Por Patrícia Pinheiro

Sempre fui magra. Anos após entrar na adolescência, comecei a ganhar um pouco de corpo. Mais ou menos, até os 15 anos, me sentia bonita, não tinha maiores problemas com meu peso.

Por volta dos 16 ou 17 anos, enquanto ainda estava no ensino médio, em decorrência de algumas doenças físicas e, posteriormente, traumas emocionais, comecei a emagrecer bastante. Mas eu não percebia a diferença, me alimentava consideravelmente bem e levava uma vida normal. Foi quando os outros começaram a apontar e a criticar minha magreza.

E assim, dia após dia, eu, que mais magrinha ou mais cheinha sempre havia vivido bem dentro do meu próprio corpo, passei a ouvir calada os diversos comentários negativos dispensados ao meu corpo magro, comecei a internalizá-los e a acreditar neles.

O seguinte pensamento passou a martelar 24h por dia na minha cabeça: “Para ser bonita e aceita, preciso engordar”. Assim, passei a fazer milhares de tratamentos, a comer coisas que não tinha vontade mesmo quando estava sem fome, e a frequentar academias (coisa que detesto fazer).

Cada quilo que eventualmente eu perdia, acabava comigo. A cada: “Nossa, como você tá magrinha”, lá ia eu novamente tentar descobrir como juntar os pedaços e levantar da cama no outro dia sem ter medo de colocar uma calça que, aos meus olhos, iria sobrar mais ainda na cintura.

Passei a desenvolver uma espécie de síndrome do pânico, um medo patológico de emagrecer. Medo de ficar doente e emagrecer. Medo de comer uma coisa estragada e emagrecer. Colocando assim, parece bobo, mas a preocupação com o corpo, a associação que fiz entre o corpo ideal e a felicidade, me tirou grande parte da tranquilidade de viver, da espontaneidade, da segurança; me fazendo preocupada, pessimista, detalhista, extremamente ansiosa e facilmente deprimida.

Fiz e ainda faço muita terapia para conseguir lidar com esse padrão de pensamento que, mesmo que de forma um pouco menos acentuada, ainda insiste em me puxar para baixo. Mas hoje, consigo entender que apesar de eu ter permitido que todo esse medo tomasse uma proporção gigantesca na minha vida, eu não o construí sozinha.

Eu não me sentia feia, até que começaram a dizer que eu seria muito mais bonita se ganhasse uns quilinhos. Eu não me sentia menos gente, até alguém dizer que “eu era legal, mas muito magrinha”. Eu me sentia inteira antes de me dizerem que eu estava a ponto de sumir.

O que mais dói é saber que eu sou mais uma dentre as milhares de mulheres que experienciam situações como essa; que, na tentativa de engordar ou emagrecer, adoecem para atingir um padrão de beleza que nos é empurrado todo dia. E é por isso que meu estômago revira a cada capa de revista que eu vejo carregada de dietas para emagrecer. É por isso que não faço questão de ter a amizade de uma pessoa que chama uma mulher de “caveira” ou de “baleia”.

É por todos esses comentários maldosos a que eu e muitas mulheres ainda somos submetidas que precisamos do feminismo, pois, diferentemente de vitimização, como muitos o definem, ele é, sim, o abrigo de vozes que lutam contra todas essas imposições que já tiraram o meu brilho do olhar; é a certeza de que o belo e o correto sempre serão nada mais do que aquilo que NÓS MESMAS desejarmos ser.

Texto Original: Caminhos

O que suas músicas favoritas dizem sobre o funcionamento do seu cérebro


Por que você adora certos tipos de música e detesta outros? A resposta pode estar na forma como o seu cérebro processa a informação.

Os psicólogos já sabem que as preferências musicais estão associadas à personalidade, mas um novo estudo descobriu que o seu gosto musical também está associado com a sua maneira de pensar.

Um estudo da Universidade de Cambridge, que foi publicado quarta-feira no jornal online PLOS One, descobriu que pessoas que têm muita empatia preferem música "suave" - incluindo R&B/soul, música contemporânea para adultos e soft rock - enquanto que aquelas com mentes mais analíticas tendem a preferir música "intensa" - como o punk, heavy metal e hard rock.

Taylor Swift ou AC/DC?


Para o estudo, os pesquisadores britânicos recrutaram mais de 4.000 participantes usando um aplicativo no Facebook. Os participantes preencheram questionários de personalidade, e, em seguida, foram convidados a ouvir e avaliar 50 canções diferentes de gêneros variados.

Os pesquisadores descobriram que indivíduos empáticos ("empatizadores") tendem a preferir música mais emocional, enquanto pessoas com mentes mais analíticas ("sistematizadores") tendem a gostar de música com maior complexidade sonora.

"Os empatizadores, que têm desejo de entender os pensamentos e sentimentos dos outros, preferem música... é a que tem como característica uma menor energia, as emoções negativas (tais como tristeza) e profundidade emocional", disse David Greenberg, candidato a Ph.D. em Cambridge e principal autor do estudo, ao jornal The Huffington Post por email. "Por outro lado, sistematizadores, que desejam compreender e analisar os padrões que sustentam o mundo, a música preferida... é a que não apresenta só como característica maior energia e emoções positivas."

Por quê? Os pesquisadores acreditam que as pessoas procuram músicas que reflitam e reforcem os seus próprios estados mentais.

"As escolhas musicais das pessoas parecem ser um espelho de quem elas são", disse Greenberg.

Como isso poderia ajudar


Um próximo passo para a pesquisa seria determinar se a música com profundidade emocional pode realmente aumentar a empatia.

Se sim, podem ser criadas terapias que utilizem a música para aumentar a empatia. Em especial, elas poderiam ajudar pessoas com autismo, que muitas vezes têm um nível de empatia abaixo da média, mas elevados níveis de sistematização.

"Os resultados desta linha de pesquisa podem ser aplicados a terapias de música, intervenções clínicas e até programas interativos baseados em computador que são projetados para ensinar emoções e estados mentais através da música para indivíduos do espectro autista", escreveram os autores do estudo.

Ou os resultados seriam apenas usados para otimizar as recomendações de "descoberta" do Spotify? "Não apenas esses resultados são úteis para os médicos em várias [situações] terapêuticas," disse Greenberg", mas isso também pode ser útil para a indústria da música e para as plataformas de recomendação musical como o site Pandora e o Apple Music."

Texto Original: Huffpost

A Sindrome do Pânico Tem Cura

Transtorno ou Síndrome do Pânico


É tão difícil, atualmente, encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar em Síndrome do Pânico. O sintoma básico é um medo enorme sem explicação, indefinido, medo infundado; você acha ridículo sentir esse medo, mas não consegue controlar. Ela é caracterizada pela presença de ataques de pânico. São crises súbitas, repentinas, espontâneas, com forte sensação de medo (medo de tudo e sem motivo), de perigo, de desmaio, de derrame cerebral, loucura ou morte iminente (o que nunca ocorre); sensação de alerta ou de fuga, necessidade de socorro imediato ou até de se encolher num canto, agitação e múltiplos sintomas indefiníveis. Enfim, um terrível mal estar. Você se sente totalmente inseguro, como uma criança. Não houve nenhum fator que o precipitasse.

De repente a pessoa sente um mal estar estranho na cabeça como se fosse perder a razão, a consciência. É comum uma sensação de estar fora da realidade; ou um mal estar generalizado, como um pressentimento algo muito grave fosse acontecer. E é nesse momento que um outro sintoma (bastante característico) aparece: a necessidade de estar ao lado de alguém que traga segurança. Geralmente, um parente próximo.

Podem surgir desde palpitações no coração, falta de ar ou dificuldade de respirar, sensação de sufocação ou bolo na garganta, mãos e pés molhados e frios, formigamentos nos braços, pernas ou nos rostos, zoeira, zumbido ou pressão nos ouvidos (como se fosse pressão baixa ou labirintite), suor ou tremedeira generalizado, distúrbio gastrintestinal como (náuseas, enjôos, diarréia, gases, vontade irresistível de urinar, falta ou excesso de apetite), desânimo acentuado, mal estar geral, insônia ou sono excessivo, ondas de calor ou frio, tonteiras.

Porém, pessoas predispostas à síndrome podem desencadeá-la depois de passar por situações traumáticas. Dias , semanas ou meses depois de determinados problemas como perda de entes queridos, desemprego, doenças no lar, pré ou pós-operatórios, assaltos, seqüestros, acidentes, etc.

É comum um paciente passar meses tentando resolver a diarréia, sem solução. Tive um paciente que só de falar em sair de casa , quatro horas antes tinha que tomar antidiarréico de meia em meia hora, sem contar o uso de fraldas para protegê-lo. O mesmo acontece com o indivíduo que nunca teve pressão alta: passou a ter depois da crise.

Como a síndrome do pânico varia muito na sua intensidade, nem todos sentem os mesmos sintomas. Na minha experiência, a crise do pânico pode ser classificada em leve, moderada, grave e muito grave. Alguns portadores do pânico, apesar de muito desconforto, conseguem trabalhar com dificuldades, devido à necessidade; porém outros não conseguem nem mesmo sair da porta de sua casa, ficando confinados, reclusos em seu lar. À medida que o pânico se agrava, diminui o seu raio de ação, ficando bloqueados à mercê de seu “inimigo oculto”.

A Síndrome do Pânico e a Depressão


Com essa sensação de impotência, de inutilidade, a alegria de viver desaparece, diminui o brilho, o dinamismo e a espontaneidade; com isto, desenvolve-se um estado depressivo, que na maior parte das vezes é confundido com a depressão comum.

Existem crianças que só de ter que ir à escola apresentam mal-estar como náuseas, enjôos ou dores na barriga.

Como a maioria dos sintomas são físicos, as pessoas procuram outros profissionais, como cardiologistas, neurologistas, gastroenterologistas, clínicos e homeopatas, quando na realidade deveriam procurar o psiquiatra. A pessoa faz uma bateria de exames, desde eletrocardiograma, ecocardiograma, raios-X, exames de sangue e outros, e nada de anormal é detectado. Desesperado, parte até para centros espíritas.

O pânico não é detectável por nenhum tipo de exame laboratorial, apenas clinicamente. Os pronto-socorros cardiológicos ou cardiologistas são os primeiros a serem procurados devido à taquicardia, dor no peito e a dormência, depois os outros profissionais, deixando por último, até por preconceito, os psiquiatras. Dez por cento dos atendimentos cardiológicos são portadores da síndrome do pânico, que examinados pelos cardiologistas constatam que não há quaisquer anomalias. A síndrome do pânico não é uma doença psicológica, e sim física. O que ocorre é um desequilíbrio de determinada área do cérebro, alterando a química dos neuro-transmissores, responsáveis pelos impulsos nervosos.

O sistema nervoso central é que comanda as funções vitais do nosso corpo, por isso ocorrem uma série de alterações no nosso organismo, é o que chamamos de D.N.V (distúrbios neuro-vegetativos).

É muito comum aos portadores da síndrome um medo constante de sentir-se mal na rua e em outras situações onde a saída e o socorro seriam difíceis. É a agorafobia, em que a pessoa apresenta uma esquiva fóbica em relação a diversas situações públicas. Com esse medo, a pessoa não consegue mais freqüentar ambientes cheios, tais como supermercados, shoppings, cinemas, teatros, bancos cheios, filas, multidões, etc. Também é comum sentir pânico de altura, de elevador, de avião, túnel, ponte Rio-Niterói, de temporal, de afastar-se de casa para outras cidades ou países; são situações onde a saída e o socorro são difíceis. Cria desculpas para não sair de casa. E, com freqüência devido à incompreensão, começam a surgir os problemas familiares. Devido o mal estar constante, o ambiente familiar fica comprometido, chegando até a separação.

O portador do pânico sofre duplamente, pois além do sofrimento físico que a própria doença proporciona, sofre por não ser compreendido por alguns familiares. É comum o portador da síndrome ouvir frases como “reaja!”, “isso é frescura...”, “pára de chilique”, “você tem medo do quê?”

Ocorre, com muita freqüência, a associação da síndrome do pânico com o Transtorno Obsessivo Compulsivo.

O Transtorno Obsessivo Compulsivo (T.O.C.):


Também conhecido como distúrbio obsessivo compulsivo, o T.0.C. caracteriza-se por idéias, imagens, impulsos e comportamentos repetitivos, contrário à vontade, irracionais, sem sentido e que causam sofrimentos às pessoas, como por exemplo:

a) Verificar, várias vezes, se as portas e as janelas estão fechadas;

b) Verificar repetidas vezes se o botijão, o fogão e as torneiras estão fechadas;

c) Ver, várias vezes, se preencheu corretamente o cheque ou documentos;

d) Tomar inúmeros banhos, chegando até mesmo ao absurdo de jogar álcool, éter ou até outros tipos de desinfetantes no corpo para evitar qualquer contaminação; Lavar, também várias vezes, as mãos sem necessidade;

e) Tem medo mórbido de doenças como câncer, aids, enfartes e até daquelas não contagiosas, como o vitiligo. A pessoa é capaz até de ligar várias vezes para um hospital, a fim de saber se mosquito transmite aids; além de ficar obcecada por exames que comprovem a não contaminação.

f) Tem medo de contaminação ou de sujeira como: animais mortos, pó, suor, fezes, urina, sangue menstrual, sêmen, germes, toxinas, e até evita tocar nas pessoas para não ser contaminado;

g) Detesta que outras pessoas toquem seus objetos pessoais.

h) Tem medo desesperador de cometer tragédias, dentre elas, matar alguém com instrumentos pontiagudos, como facas, tesouras, armas de fogo; estrangular o filho recém-nascido ou mesmo jogá-lo pela janela; cortar a garganta do filho ou do cônjuge enquanto estes dormem, por isso fazem questão de guardar todo tipo de instrumento cortante.
Com isto, entra em pânico, ficando extremamente angustiada. Mas, felizmente, não é loucura e nada disso ocorre, pois são apenas sintomas.

i) As repetições podem ser também em forma de pensamentos, repetindo sem parar letras e melodias de músicas, palavras soltas, desconexas, aparentando insanidade.

j) Outras vezes, sob a forma de rituais, trazendo muito sofrimento. Os rituais de verificação têm caráter preventivo, procurando assegurar que nenhuma catástrofe irá acontecer.

k) Acender e apagar a luz diversas vezes; se não fizer isso, algo trágico pode acontecer.

l) Beijar um certo número de vezes uma imagem ou objeto sagrado; a repetição poderá ser o múltiplo de um número. Exemplo: múltiplo de três, então repetir uma oração 33 vezes, pois esta é a idade da morte de Cristo.

m) Ter a obsessão de sair de casa ou entrar em qualquer lugar sempre com a perna direita.

n) Idéias de colecionismo: fazer uma coleção de livros ou juntar todas as caixas vazias de remédios durante anos.

o) Ter que olhar o rosto de uma pessoa seis ou mais vezes. Caso não consiga cumprir o número de vezes, sente muita aflição e angústia; (em outras ocasiões, necessita ver um certo número de vezes as nádegas de uma mulher, mesmo na presença da esposa, trazendo até problemas conjugais.)

p) Colocar os objetos numa ordem, seguindo um padrão simétrico. Exemplo: arrumar suas roupas numa gaveta ou colocar objetos numa mesa, todos numa mesma direção, de modo que todas as linhas sejam paralelas; ou então, quando necessita passar numa porta, passar exatamente no meio, nem um milímetro a mais.

q) Também apresenta pensamentos repetitivos, tais como: "Tenho cara de homossexual". Com isso, todas as vezes que alguém olha para ele, para falar alguma coisa, principalmente os homens, imagina logo que seja por ter cara de homossexual.

r) A pessoa presencia um acidente, mesmo que não tenha nada a ver com ela , sente-se culpada. E fica reafirmando esta culpa com um sofrimento constante.

Quanto ao tratamento, o prognóstico é excelente, pois a síndrome do pânico tem cura. O tratamento tem princípio, meio e fim.

Não fuja do tratamento médico


Observei que a maioria dos portadores da síndrome do pânico, antes de encontrar o tratamento certo, experimenta vários tratamentos alternativos; os mais conscientes procuram alternativas como: florais, homeopatias, ioga, acupuntura, terapias, cromoterapias, bioenergéticas, biodanças e até centros-espíritas, sem solução.

O que existe, de fato, é um enorme preconceito com o psiquiatra. As pessoas não querem ir ao psiquiatra, por achar que este profissional só cuida de loucos. De fato, os especialistas no ramo da psiquiatria cuidam de pessoas com patologias irreversíveis, como a loucura. Mas trata-se de um médico como outro qualquer, que cuida de pessoas perfeitamente normais, com distúrbios em seu sistema nervoso. O outro fator que afasta as pessoas do tratamento ideal é o preconceito para com os remédios. A primeira coisa que a pessoa faz, antes de iniciar um tratamento, é ler a bula do começo

A Síndrome do Pânico e os Entorpecentes


Os indivíduos menos conscientes procuram a saída nos calmantes ou dependentes químicos, tais como álcool, maconha, cocaína e outros entorpecentes. Como o álcool é um depressor do sistema nervoso central, os portadores do pânico têm forte tendência ao alcoolismo, porque ao ingerir bebidas alcoólicas, os sintomas desaparecem, momentaneamente, em função do seu efeito antidepressivo. É muito comum que as pessoas com a síndrome sintam a necessidade de ingerir bebidas alcoólicas para conseguir sair de casa ou realizar coisas que já não conseguem mais.

O problema é que a abstinência alcoólica nessas pessoas pode resultar numa forte crise de pânico, pois o álcool desorganiza ainda mais com os neuro-transmissores. Os portadores da síndrome do

O Tratamento


Como a síndrome do pânico não é psicológica, a crise não desaparece com terapias. O máximo que se pode alcançar com isso é adiar o sofrimento. A terapia comportamental é importante como auxiliar no tratamento medicamentoso. O pânico não desaparece espontaneamente; ao contrário, tende a agravar com o tempo.

Os pacientes são tratados com remédios que atuam diretamente no sistema nervoso central, equilibrando os neuro-transmissores (noradrenalina, adrenalina, serotonina e outros) e evitando as crises. O tratamento considerado específico conjuga o antidepressivo a outras medicações, conforme o caso; e assim mesmo, não existe um antidepressivo único para todos.

Os Remédios


O antidepressivo (tarja vermelha), ao contrário do tranqüilizante (tarja preta), não causa nenhuma dependência mesmo quando combinado com este; ao contrário, afasta a dependência de qualquer tranqüilizante. Os portadores do pânico têm um medo cruel da dependência dos remédios, principalmente daqueles que possuem tarjas pretas.

Se um profissional médico prescrever somente o tranqüilizante (tarja preta) com o objetivo de cura e a pessoa tomar por mais de três meses, aí sim, poderá tornar-se dependente, pois os tranqüilizantes são depressores do sistema nervoso central. Os tranqüilizantes apenas aliviam, acalmam momentaneamente os sintomas. Passado o efeito do medicamento, os sintomas retornarão. A maioria das pessoas costuma generalizar os remédios psiquiátricos quanto a seus efeitos. Elas imaginam que todos são tranqüilizantes, dopantes ou causadores da impotência sexual. Ou então que são nocivos à saúde. Puro engano. E o mal maior que a doença traz? O indivíduo tem medo do remédio causar impotência e acaba ficando impotente por causa da doença. O importante é lembrar que cada caso é um caso, portanto, vai depender e muito do feeling do médico na hora de lidar com o paciente.

Existem antidepressivos tricíclicos, tetracíclicos, IMAOS (inibidor da monoaminooxidase) e o mais recente, que é o ISRS (inibidor seletivo de receptação de serotonina), que tem uma variedade enorme. Mas só os médicos entendem como eles devem ser usados.

Um dos maiores problemas é que os remédios antidepressivos não são administrados de forma adequada aos pacientes. Essa não é só a minha opinião, mas também a de especialistas internacionais que estiveram em São Paulo durante o V Congresso Brasileiro de Clínica Médica, em novembro de 1999. Os remédios podem prejudicar, sim, quando mal receitados.

Diagnosticar a síndrome do pânico não é nenhum mistério, a questão principal é acertar nos remédios. Se você não teve sucesso com alguns remédios, não desanime.Insista, procure o profissional da sua confiança. Ninguém morre do pânico e nem perde o autocontrole.

Num lar onde existe um portador da síndrome do pânico, deverá haver muito amor, carinho, muita compreensão, apoio moral e espiritual.

Texto Original: Sindromedopanico

Dificuldades!!!


Concientize-se


domingo, 1 de maio de 2016

Pessoas interessantes


Por Josie Conti

É incrível perceber o quanto as pessoas interessantes são parecidas com estradas. Elas sentem aquele comichão no peito que as faz seguir e continuar, passo a passo, rumo ao desapego e ao novo. Nem sempre são estáveis, porém, são profundamente interessantes, pois, não temem experimentar na pele, novas possibilidades. Cada situação de busca e possível encontro é alimento para alma e para o conhecimento. O olhar fica a frente, a sensibilidade ao lado. O familiar é fonte de respeito e conhecimento. Talvez exista uma ruga a mais em alguns momentos perante a indecisão, porém, o brilho nos olhos é mais radiante.

O homem é um ser desejante, desde o nascimento é vorazmente carente de estímulos, novas sensações e conhecimentos. Penso que quando a pessoa canaliza essa energia de busca para algo saudável, ela é alguém com objetivos prioritariamente construtivos. Ela pode ser “faminta” por conhecimento, por aventuras, viagens, por amores. Porém, quando essa mesma energia é canalizada na busca de sensações de prazer, mas que não acrescentam um conteúdo simbólico como, por exemplo, o consumismo exagerado, que é uma marca tão forte de nossa geração, percebemos a criação de um novo perfil de dependentes que, embora não sejam usuários diretos de uma substância química, não sobrevivem sem seus prazeres efêmeros. Logo, se não consumem, imediatamente sentem-se vazios e entristecidos.

A energia do homem precisa ser canalizada para algo que lhe forneça uma identidade, um papel social. A pessoa precisa ter uma ocupação em que se sinta produtiva, mesmo que não seja remunerada integralmente. Precisa de reconhecimento de seu local no mundo e também precisa transmitir características que são só suas, o que caracteriza a herança cultural de um povo.
Porém, se o meio em que vive dita como, quando e com quem devo fazer algo, toda a espontaneidade acaba. Transformamo-nos em máquinas responsivas, não pensantes, ansiosas e muito angustiadas, pois, apesar dos bens alcançados, não existe realização pessoal real.

Acredito que precisamos sim nos enquadrar socialmente, porém, sem perder o olhar a frente e nem nossa criticidade. É necessário que saibamos o real motivo de nossas escolhas para que não retroalimentemos ciclos e mais ciclos de autossabotagem emocional.

Precisamos sentir mais, mesmo que o sentimento seja ruim. Precisamos questionar mais, mesmo que o rosto do colega não seja o mais satisfeito. Porém, mais do que tudo isso, precisamos viver mais e melhor. Enquanto estamos vivos, podemos aprender e mudar.

Texto Original: Caminhos

Complexo de Inferioridade: entenda o que é e saiba como se livrar dele


Por Mariane Montedori

Entender o que se passa com nossos sentimentos é o segredo para encontrar o bem-estar interior. Muitas vezes, temos a sensação de que não somos competentes o suficiente para algo, ou ainda, para alguém. E mais do que isso, situações rotineiras acabam nos levando a beira do abismo. Entender que sentir-se inferior é um complexo pode te ajudar a reverter a situação e ser mais feliz.

Se situações do trabalho te fazem sentir menos que alguém, ou se um mulher bonita te deixa tão mal a ponto de desistir de sair ou criar 'picuinhas' com seu namorado, significa que você tem complexo de inferioridade. É normal nos sentirmos assim vez ou outra, mas quando a situação leva a loucuras e gera situações que poderiam ser evitadas se não fosse a sua 'piração', é hora de procurar ajuda.

Foto: Divugação.
O primeiro passo para encontrar o equilíbrio é controlar os pensamentos de comparação
O primeiro passo para encontrar o equilíbrio é controlar os pensamentos de comparação
A denominação "complexo de inferioridade" foi criada por Alfred Adler (1870-1937), médico psiquiatra, para designar sentimentos de insuficiência e até incapacidade de resolver os problemas, o que faz com que a pessoa se sinta um fracasso em todos, ou em alguns aspectos de sua vida. É o que hoje chamamos de baixa auto-estima, que é quando não se tem consciência de seu valor pessoal. A baixa auto-estima pode comprometer todos os relacionamentos, seja pessoal, profissional, afetivo, familiar, social. Esse complexo pode ter origem na infância, especialmente em três situações especial que tendem a resultar no complexo de inferioridade:

1. Rejeição: A criança não encontra na família o apoio necessário para seu desenvolvimento emocional. Muitas vezes, uma gravidez indesejada por exemplo, pode resultar na falta de amor, na falta de compreensão, na falta de carinho - fatores essenciais para a criança desenvolver a confiança. Ou seja, se ela não sente confiança em suas habilidades e não se sente digna de receber amor e afeto dos outros, quando adulta, a tendência é que ela venha a se tornar uma pessoa mais fria, dura, ou extremamente carente e dependente da aprovação e reconhecimento de outras pessoas. Quanto mais necessidade de ser aprovado e reconhecido pelo outro, mais se desenvolve a necessidade de agradar. Isso faz com que as pessoas deixem de ser elas mesmas, tornando-se o que os outros gostariam que ela fosse, ou o que pensa que gostariam, reforçando cada vez mais o sentimento de inferioridade, pois não satisfazem a si mesmas.

Você também poderá se interessar por:
- Limpeza facial: aprenda a retirar impurezas da pele em casa
- Como superar o desafio de ser pai e mãe, sem deixar de ser marido e mulher 
 
2: Mimo: O contrário da falta de afeto também pode resultar em complexo. Isso porque uma criança excessivamente mimada e/ou superprotegida pode desenvolver um sentimento de insegurança, por não sentir confiança em suas próprias habilidades, uma vez que os outros sempre fizeram tudo por ela.

3. Inferioridade Orgânica: Refere-se a inferioridade por conta do aspecto físico, seja ele uma doença ou enfermidade, ou ainda um excesso de peso, por exemplo. A criança que sofre com esse tipo de 'preconceito' tende a se isolar, até mesmo por conta de bullying. E isso acontece justamente como fuga da interação com outras crianças por um sentimento de inferioridade ou incapacidade de competir com sucesso com elas.

Obviamente, cada item deve ser tratado de uma forma específica, mas para ambos, é necessário que exista um incentivo a superação de suas dificuldades, seja para compensar a fraqueza física, seja para encontrar um apoio.

Como se Livrar do Complexo de Inferioridade?

Agora que somos adultos e temos como avaliar tal situação, cabe a nós mesmos reverte-la para encontrarmos a felicidade pessoal. A melhor forma é procurar ajuda especializada, como um psicólogo por exemplo. No entanto, atitudes simples podem ajudar no seu equilíbrio emocional:

- Evite comparações. A principal característica do complexo de inferioridade é ficar se comparando com outros, ou comparar o seu relacionamento com os de outros. A verdade é que essa comparação nunca é positiva e não vai te fazer se sentir melhor, pois as pessoas são diferentes, possuem necessidades, desejos e históricos de vidas diferentes. Então, quando esse sentimento de comparação chegar, exercite seu cérebro para tomar o controle e mude o caminho de seus pensamentos. A primeira etapa é justamente ensinar a mente a mudar o caminho do pensar.

- Compreenda seu histórico de vida e a origem de seu sentimento de inferioridade. Por qual motivo se sente inferior? Não desista, compreenda suas dificuldades e procure enfrentar cada uma delas. Para isso, faça uso de outras ferramentas para olhar a situação. Como você está acostumado a ter esses pensamentos de inferioridade, seu cérebro já anda nessa direção. Então, identificando este percurso, procure agora analisa-lo por outros ângulos. Descubra dentro de você o porquê das coisas, vasculhe sua infância e entenda que só você tem o poder de fazer diferente.

- Enfrente o medo. É importante lidar e enfrentar o medo que as pessoas ou situações provocam e compreender que a percepção de si mesmo está baseada na conseqüência de fatos que já passaram. Você não pode mudar seu passado, mas pode mudar seu presente para alcançar o futuro que almeja.

- Reconheça seu valor. Perceba que seu valor enquanto pessoa não pode e nem deve ser baseado na maneira como foi, ou ainda é tratado, ainda que isso tenha durado toda sua vida. Não permita mais ser desrespeitado ou maltratado. Lembre-se ainda que seu valor deve ser baseado pelo que é e não pelos bens materiais que possui. Imagine o que quer ser. E faça ser.

- Identifique suas necessidades emocionais. O que você espera receber dos outros pode ser aquilo que não recebeu quando criança de seus pais. Não espere receber dos outros o que só você mesmo pode se dar.
 
- Aprenda com os erros.  Não fique se punindo por ter errado, nem se acomode nas situações. Saia de sua zona de conforto e mude o que deseja!

- Valorize sempre suas conquistas! Pare de supervalorizar o que o outro tem ou faz e desvalorizar as próprias conquistas. Celebre sempre!

- Faça psicoterapia. Não é porque está em último lugar, que é menos importante. Na verdade, a psicoterapia deve ser o primeiro passo para tudo. O autoconhecimento obtido através do processo da psicoterapia poderá fazer com que reconheça seus reais valores e liberte-se do complexo de inferioridade que acorrenta e aprisiona.

Texto Original: RAC

É bom se decepcionar!


Por Gustl Rosenkranz

Temos a tendência de empregar termos sem realmente refletir sobre seu significado. E é assim que damos uma conotação positiva ou negativa a determinadas palavras, sem que verifiquemos se essa conotação é adequada ou não. O problema é que palavras nunca são inofensivas, já que, ao dizê-las e escutá-las, elas influenciam nossa forma de agir, de pensar e de ver o mundo à nossa volta. Nosso estado de espírito e nossa postura em relação à vida influenciam nosso vocabulário, mas a recíproca é verdadeira: o uso de um vocabulário carregado de palavras “negativas” gera normalmente, mesmo que não se perceba, uma postura igualmente negativa em relação à vida. Vários estudos sobre o cérebro humano constataram que não somente nossa cabeça influencia nossas atitudes, mas também que nossas atitudes influenciam nossa mente. E isso vale igualmente para as palavras que usamos e torna importantíssimo escolher e empregar conscientemente o que falamos ou escrevemos e filtrar com atenção o que escutamos. Temos que ter cuidado especial porque temos também a tendência de confundir o que é agradável com bom e o que é desagradável com ruim, o que é um equívoco claro. O parto de uma criança, por exemplo, pode ser uma experiência desagradável para a mãe, já que é não raramente acompanhada de dor e muito esforço físico e psíquico. Todavia somos unânimes de que o nascimento de uma criança é uma coisa boa. Bom, nesse exemplo é facilmente perceptível que o desagradável não tem que ser necessariamente ruim, mas isso nem sempre é fácil de se reconhecer em inúmeras situações cotidianas, fazendo com que alimentemos diariamente essa confusão terminológica, trocando as bolas e atribuindo uma conotação negativa a algo bom só por ser desagradável, como é o caso da DECEPÇÃO.

É natural que fiquemos tristes, frustrados, desapontados ou até irados quando somos decepcionados… Sofrer uma decepção é uma experiência desagradável, às vezes até extremamente dolorosa, principalmente quando nos decepcionamos com alguém próximo, com quem temos uma relação mais estreita. Mas a decepção é uma coisa ruim? Não, não é. Pelo contrário: decepcionar-se é uma coisa boa, importante para o amadurecimento humano, já que se decepcionar significa perder a ilusão em relação alguém ou alguma coisa, quando algo inesperado destrói nossas expectativas. A palavra “DECEPÇÃO” vem do latim deceptio, que significa engano ou dolo. Ou seja, quando decepcionamos alguém, o enganamos, quando nos decepcionamos, fomos enganados ou enganamos a nós mesmos. Agora responda: não é bom se livrar de um engano, de uma ilusão, de uma farsa, de algo que achávamos que era de uma forma, mas que na verdade sempre foi diferente?

A intensidade de uma decepção depende de dois fatores: do tamanho das expectativas e do tempo que durou o engano, a ilusão. Portanto, quanto menos se espera e quanto menos demorar o engano, menor o sofrimento. E vale o contrário: se você não aprender a domar suas expectativas, deixando-as crescer cada vez mais, você só alimentará a ilusão, prolongando-a e aumentando o sofrimento na hora que você perceber que estava sendo enganado (talvez por você mesmo).

Imagine, por exemplo, você indo para uma festa. É claro que você espera que a festa seja boa, senão você nem iria. Se a festa no final não for lá essas coisas, talvez você fique um pouco decepcionado. Mas se você for além disso, indo à festa com a expectativa de que será a melhor festa de toda sua vida, talvez a melhor festa do mundo, a decepção aqui pré-programada será bem maior, já que o tamanho da decepção está diretamente ligado ao tanto que você espera.

Uma pessoa decepcionada reage de acordo com o princípio “fui enganada!”, mas normalmente a “culpa” nem é (somente) do outro. Nós é que insistimos em ver algo como queremos ver, criando nossa própria realidade de forma conveniente para nós. Um bom exemplo é quando nos apaixonamos e vemos tudo de forma colorida, sem questionar e sem ver as coisas como são, projetando no outro aquilo que queremos e confundindo a ilusão da paixão com a realidade. Quando a paixão passa e vemos quem o outro é de verdade, ficamos decepcionados e nos sentimos enganados, o que é legítimo e compreensível, mas é importante se perguntar: enganado por quem? Pelo outro ou por nós mesmos? É importante entender que você mesmo é responsável pelas decepções que você vive. É claro que há pessoas dissimuladas, que fingem ser algo que não são, enganando de propósito, mas também aqui vale: essas pessoas só irão lhe enganar se você permitir. Não podemos responsabilizar outras pessoas por nossa ingenuidade e nossas falsas expectativas.

Creio que uma decepção nunca vem de surpresa. Ela vai se manifestando já com antecedência, os sinais são claros, mas nós, por preferimos sempre o caminho mais fácil e evitarmos quase patologicamente o que é desagradável, ignoramos esses sinais, alimentando a ilusão e aumentando a altura do tombo na hora da percepção da realidade como ela é. Uma pessoa não decepciona uma outra da noite para o dia. Normalmente seu comportamento já mostra cedo que ela não é bem assim como acreditamos, mas nós nos negamos a reconhecer isso, pois é bem mais confortável crer que as coisas são como nós gostaríamos que fossem. E é assim com aquele “bom” amigo ou aquela “boa” amiga, que de repente nos mostra que a amizade não era tão forte assim, ou pior ainda: que falta profundamente com o respeito, que nos machuca, que nos faz sofrer, que nos decepciona… Como estávamos iludidos e aparentemente felizes e satisfeitos com essa ilusão, acreditamos que o comportamento questionável dessa pessoa veio de repente e que a amizade acabou de uma hora para outra, mas isso não é correto, já que ninguém muda seu comportamento ou sua postura da noite para o dia e uma amizade que termina de uma hora para outra na verdade nunca existiu.

Antigamente, eu sofria quando alguém me decepcionava (= não correspondia às minhas expectativas, não agia da forma que eu esperava), até que um dia percebi o equívoco que causava esse sofrimento: a definição errônea de decepção como algo ruim por ser desagradável. Desde que sei disso, procuro esperar o mínimo possível das pessoas e dos acontecimentos em minha vida, tento ver as pessoas e as coisas como elas realmente são e procuro não alimentar ilusões. Hoje em dia, quando, por exemplo, um amigo me decepciona fortemente, tenho consciência de que isso apenas ocorreu devido às minhas expectativas altas (repetindo: quanto mais altas as expectativas, maior a decepção!) e porque não vi a coisa como realmente era. Fico feliz de ter percebido o engano (quanto mais cedo melhor!) e procuro corrigir a minha visão, me libertando de uma ilusão que, no fundo, não me fazia bem. Cresço com isso, procurando não guardar mágoas, já que no fundo sou grato por ter tido a chance de perceber que a realidade era bem diferente daquilo que eu acreditava ou queria acreditar, tendo consciência de ser eu mesmo responsável pelas minhas expectativas. Isso liberta, isso purifica as relações e isso é uma coisa boa!

Portanto, sempre que você sofrer uma decepção, permita-se sentir dor e tristeza, aceite a frustração, mas não deixe de ver o outro lado da moeda: o lado da desilusão, do desencantamento, do fim do engano, da retomada da realidade. A sobriedade disso resultante, por mais desagradável que seja, irá lhe fazer crescer, irá lhe libertar de devaneios, de enganos dos sentidos ou da mente e lhe permitirá compreender que a realidade, mesmo que amarga, é sempre melhor que qualquer doce ilusão.

Texto Original: Caminhos

Depressão: um enfrentamento insuportável com a verdade


Artigo de Maria Rita Kelh

A depressão é uma forma muito particular e avassaladora daquilo que corriqueiramente chamamos a dor de viver. Juntamente com a angústia e a dor propriamente dita, é uma constelação de afetos tão familiar que, como escreve Daniel Delouia, dificilmente conseguimos classificá-la entre os quadros clínicos da psicopatologia. À dor do tempo que corre arrastando consigo tudo o que o homem constrói, ao desamparo diante da voragem da vida que conduz à morte – que para o homem moderno representa o fim de tudo – a depressão contrapõe um outro tempo, já morto: um “tempo que não passa”, na expressão de J. Pontalis.

O psiquismo, acontecimento que acompanha toda a vida humana sem se localizar em nenhum lugar do corpo vivo, é o que se ergue contra um fundo vazio que poderíamos chamar, metaforicamente, de um núcleo de depressão. O núcleo de nada onde o sujeito tenta instalar, fantasmaticamente, o objeto perdido – objeto que, paradoxalmente, nunca existiu.

A rigor, a vida não faz sentido e nossa passagem por aqui não tem nenhuma importância. A rigor, o eu que nos sustenta é uma construção fictícia, depende da memória e também do olhar do outro para se reconhecer como uma unidade estável ao longo do tempo. A rigor, ninguém se importa tanto com nossas eventuais desgraças a ponto de conseguir nos salvar delas. Contra este pano de fundo de nonsense, solidão e desamparo, o psiquismo se constitui em um trabalho permanente de estabelecimento de laços – “destinos pulsionais”, como se diz em psicanálise – que sustentam o sujeito perante o outro e diante de si mesmo.

Freudianamente falando, a subjetividade é um canteiro de ilusões. Amamos: a vida, os outros, e sobretudo a nós mesmos. Estamos condenados a amar, pois com esta multiplicidade de laços libidinais tecemos uma rede de sentido para a existência. As diversas modalidades de ilusões amorosas, edipianas ou não, são responsáveis pela confiança imaginária que depositamos no destino, na importância que temos para os outros, no significado de nossos atos corriqueiros. Não precisamos pensar nisso o tempo todo; é preciso estar inconsciente de uma ilusão para que ela nos sustente.

A depressão é o rompimento desta rede de sentido e amparo: momento em que o psiquismo falha em sua atividade ilusionista e deixa entrever o vazio que nos cerca, ou o vazio que o trabalho psíquico tenta cercar. É o momento de um enfrentamento insuportável com a verdade. Algumas pessoas conseguem evitá-lo a vida toda. Outras passam por ele em circunstâncias traumáticas e saem do outro lado. Mas há os que não conhecem outro modo de existir; são órfãos da proteção imaginária do “amor”, trapezistas que oscilam no ar sem nenhuma rede protetora embaixo deles. “A depressão é uma imperfeição do amor”, escreve Andrew Solomon, autor de “O demônio do meio-dia”, vasto tratado sobre a depressão publicado nos Estados Unidos e traduzido no Brasil no final de 2002. Faz sentido, se considerarmos o sentido mais amplo da palavra amor.

Durante cinco anos, Solomon dedicou-se a pesquisar a depressão: causas e efeitos, tratamentos, hipóteses bioquímicas, estatísticas. Recolheu histórias de vida de dezenas de pessoas que passaram por crises depressivas – “nunca escrevi sobre um assunto a respeito do qual tantos tivessem tanto a dizer”. A estas, acrescentou sua própria história – o trabalho no livro foi uma forma de reação ao longo período em que ele próprio passou por sérias crises depressivas. Um período em que, nas palavras do autor, “cada segundo de vida me feria”.

A julgar pelos números recolhidos por Solomon em relatórios da divisão de saúde mental da Organização Mundial de Saúde – o DSM-IV – esta ferida acomete a um número cada vez maior de pessoas no mundo, e particularmente nos Estados Unidos. 3% da população norte americana sofre de depressão crônica – cerca de 19 milhões de pessoas, das quais 2 milhões são crianças. A depressão é a principal causa de incapacitação em pessoas acima de cinco anos de idade. 15% das pessoas deprimidas cometerão suicídio. Os suicídios entre jovens e crianças de 10 a 14 anos aumentaram 120% entre 1980 e 1990. No ano de 1995, mais jovens norte-americanos morreram por suicídio do que de da soma de câncer, Aids, pneumonia, derrame, doenças congênitas e doenças cardíacas.
Esta forma de mal estar tende a aumentar, na proporção direta da oferta de tratamentos medicamentosos: há vinte anos, 1,5% da população dos Estados Unidos sofria de depressões que exigiam tratamento. Hoje este número subiu para 5%. Sincero adepto dos tratamentos farmacológicos, que segundo ele salvaram sua vida, Andrew Solomon acaba por se perguntar se a doença cresce com o desenvolvimento da medicina ou se a indústria farmacêutica produz as doenças para os remédios que desenvolve, do mesmo modo que outros ramos industriais criam mercados para seus produtos.

 Insight sem inconsciente?

A contribuição das terapias medicamentosas no tratamento das doenças mentais é inegável, e o analista, assim como outros “terapeutas da fala” no dizer de Solomon, não pode dispensá-la. “O Prozac não deveria tornar o insight dispensável,”, diz Robert Klitzman, da Universidade de Colúmbia, citado pelo autor. “Deveria torná-lo possível”.

Mas qual o insight possível, capaz de produzir efeitos sobre a subjetividade, em uma cultura onde as práticas de linguagem se impõem fortemente de modo a apagar o sujeito do inconsciente? As histórias de pacientes depressivos enumeradas por Andrew Solomon centram-se ao redor da perspectiva única do vitimismo. As pessoas se deprimem porque não suportam o que foi feito a elas. Acidentes, perdas traumáticas, abandonos, violência, abuso sexual na infância; é de fora para dentro que a vida psíquica se impõe àqueles que sofrem de mal estar.

É óbvio que a rede de proteção do psiquismo pode ser rompida pelas irrupções traumáticas do real; mas as “desgraças da vida” recaem sempre sobre um sujeito, incidem sobre uma posição desejante e são rearticuladas pelas formações do inconsciente, que são formações da linguagem. Do ponto de vista do vitimismo, a cura da depressão consiste na eliminação de todo traço de “má notícia” que advenha do inconsciente. A psiquiatria e a indústria farmacêutica aliam-se a este ponto de vista. “Assistimos a um conluio curioso entre a descrição psiquiátrica e a própria queixa do deprimido”, escreve Delouia. “A ignorância a respeito do psíquico “une o fenômeno depressivo com a parafernália nosográfica da psiquiatria”.

O autor não deixa de ser crítico em relação a esta perspectiva. “Nós patologizamos o curável. Quando existir uma droga contra a violência, ela será encarada como uma doença”. Também é crítico em relação ao ideal de remoção química de toda a dor de existir. No entanto, a ingenuidade a respeito da realidade psíquica prevalece até mesmo em relação à sua própria crise depressiva. Filho de uma mulher ativa e absorvente, que mais tarde ele próprio pode perceber como depressiva, Andrew Solomon participou, junto com o pai e o irmão, do suicídio assistido da mãe, vítima de câncer no ovário aos 58 anos. Depois dessa morte, dramática e intensamente estetizada, a fantasia de suicídio ocorre aos outros membros da família. No ano seguinte, Solomon inicia uma análise com uma mulher que lhe lembra a mãe, e propõe a ela um pacto incondicional: não abandonarão o tratamento até o “fim”, sob nenhuma condição. Mas alguns anos depois,a analista anuncia ao dedicado analisando que vai deixar o trabalho. Aposentadoria por tempo de serviço…

No tempo de análise que lhe resta, Andrew Solomon não entende por que vai entrando em depressão cada vez mais grave, até que a própria analista concorda em que ele busque auxílio psiquiátrico. A análise “termina” pouco depois, e ele atravessa um ciclo de depressões gravíssimas. A inabilidade da analista de Solomon quanto ao manejo da transferência diante de um quadro de luto melancólico salta aos olhos do leitor familiarizado com a psicanálise. Não é sem razão que ele escreve, anos mais tarde, que a psicanálise seja “hábil para explicar, mas não eficiente para mudar” os quadros depressivos.

A julgar pelo relato de Solomon, seu tratamento psicanalítico foi baseado na reconstituição da vida infantil, em busca de um causalidade psíquica que, de fato, pode ter valor explicativo mas não produz nenhuma intervenção sobre o psiquismo vivo e ativo no sujeito adulto. Pierre Fédida, em seu livro sobre a depressão, adverte sobre os riscos de se buscar a evocação de um “acontecimento real que se supõe empiricamente traumático: a vivência infantil – essencialmente inatual na fala associativa – recebe assim uma positividade patogênica, na forma de uma atualidade passada”. O “infantil” que interessa à psicanálise não é o do passado, rememorado pelo eu, mas o que se manifesta ao vivo na transferência, nas demandas dirigidas ao analista. Como a analista de Solomon não se deu conta da relação entre a proposta de uma análise incondicional feita por ele, o amor pela mãe e o pacto de morte que o uniu a ela? Como não se deu conta da relação entre a crise depressiva de seu analisante e o anúncio burocrático de sua “aposentadoria”?

O livro de Solomon não oferece nenhuma contribuição decisiva para o conhecimento da depressão, mas lança uma luz importante sobre as relações entre a emergência epidêmica dessa forma de mal estar e os modos de subjetivação predominantes na cultura norte-americana. Em uma sociedade onde as formações discursivas apagam o sujeito do inconsciente, em que a felicidade e o sucesso são imperativos superegóicos, a depressão emerge – como a histeria na sociedade vitoriana – como sintoma do mal estar produzido e oculto pelos laços sociais. O vazio depressivo, que em muitas circunstâncias pode ser compensado pelo trabalho psíquico, é agravado em função do empobrecimento da subjetividade, característico das sociedades consumistas e altamente competitivas. A “vida sem sentido” de que se queixam os depressivos só pode ser compensada pela riqueza do trabalho subjetivo, ao preço de que o sujeito suporte, amparado simbolicamente pelo analista, seu mal estar. A eliminação farmacológica de todas as formas de mal estar produz também, paradoxalmente, o apagamento dos recursos de que dispomos para dar sentido à vida.

Vi, preferindo não ver…



Vi olhares perdidos e olhos profundos, marcados pelo sofrimento, pelo cansaço e por noites mal dormidas, semblantes escuros curtidos pelo sol, rostos envelhecidos precocemente, bocas sem dentes, mãos enrugadas e pele seca.
Vi olhos famintos nas filas de supermercado, comprando pouco, desejando mais. Vi gente enchendo o carrinho de compras, sonhando ser rica por um instante, “comprando” de tudo que é caro e que se crê que seja bom, porém, sem dinheiro que permitisse tamanha aquisição, mas sonhando pelos corredores até chegar ao caixa, puxando da montanha de consumo somente um quilo de açúcar e uma margarina da marca mais barata, pagando cabisbaixo com dinheiro contado e retirando-se envergonhado pela humilhação, sóbrio com a realidade lá de fora e também lá de dentro de sua casa.
Vi pessoas penduradas em portas de ônibus, em dia de chuva, sendo transportadas de forma mais perigosa que gado, esses mais valiosos para os proprietários do que gente de periferia para a sociedade.
Vi uma obra de metrô enorme, cara, feia e inacabada, resultado de corrupção e falta de escrúpulo de governantes e empresas, que se enriquecem cada dia mais às custas de um povo sofrido.
Vi pés saindo de uma caixa de papelão, que desmontada e rasgada servia de cobertor e abrigo para dormir, ou para fingir que dorme para distrair a fome, cobrindo até o rosto, deixando livres somente aqueles pés negros e sujos, marcados por muitas andanças e com unhas podres, corroídas por algum fungo.
Vi rostos medrosos diante da violência, rostos voltados para o chão, enquanto bandidos fardados pregavam hipocritamente que eram bandidos aqueles cidadãos, pobres, negros e mulatos, que por serem muitos e não serem nada, não tinham reconhecido seu direito de ser gente.
Vi polícia batendo, gente apanhando, outros rindo e regozijando-se pela miséria de outros coitados, esquecendo-se que eram eles mesmos coitados também, rindo talvez por desconcerto, desconforto ou gratidão e medo, por saberem que a próxima talvez seria sua vez, de tomar tapas, de ser xingado ou mesmo levar bala, mesmo sem nada ter feito, talvez por somente serem pobres (e negros?).
Vi pessoas vivendo em casas sem reboco, por falta de dinheiro, mas gastando dinheiro para comprar cerveja, vinte reais que faltam para um saco de cimento, mas cinqüenta que bastam para uma grade de cerveja, contradições alcoólatras, coisas sem nexo, porém reais.
Vi celulares passeando pelas ruas, levando pessoas puxadas pelas orelhas, as dominando, as escravizando, tornando-as dependentes, apêndices de um aparelho vivo, claro, mas muitas vezes morto por falta de crédito.
Vi homens rebolando, bêbados, drogados, perdidos, muitas vezes armados, animais, gritando, azucrinando outros, música alta, pagode solto, palavrões e canções, texto “infantil”, insensato, sexista, imbecil.
Vi cães maltratados por pessoas egoístas, que os tratavam como gente, ou melhor que gente, com tudo em excesso, carinho, comida e até roupa, paparicos e beijinhos, os carregando no colo e se autojulgando justos protetores de animais, mas enxotando meninos que pediam comida. Vi outros cães maltratados pela pobreza e por pobres, que gostam de bichos, mas não os respeitam, já que eles mesmos nunca foram respeitados. Vi outros cães soltos nas ruas, calazar e sarnas, pulgas e carrapatos, vivendo de lixo e pedradas, sentindo na pele e no pêlo o que é viver no meio dos homens sem serem desejados.
Vi olhos jovens cheios de esperança e utopia, desejos e otimismo, mas se perdendo aos poucos no mundo insano e alcoolizado dos adultos. Outros olhos jovens avermelhados, vazios, devassados, acusando a droga no sangue e na mente. Jovens que vão à escola e pouco ou nada aprendem, ou que não vão à escola e aprendem da vida e da rua. Vi o futuro do país sendo desperdiçado, comido pelas drogas, violentação social daqueles que terão que consertar uma realidade sem conserto que herdarão de nós.
Vi crentes descrentes, gritando para Deus como se ele fosse surdo e demonizando tudo à sua volta, falando de amor por alto-falantes, mas sem amar, exigindo tolerância sem tolerar, chamando o candomblé de coisa do diabo, discriminando homossexuais abertamente, construindo templos assustadores, hipocrisia cristã baseada em evangelho torcido em nome do Pai.
Vi meninas moças sendo assediadas por homens adultos, pais, avôs, tios e vizinhos, turistas e até professores, abusando de forma extremamente animal daquilo que deveria ser o mais sagrado: da inocência infantil.
Vi gente “fina” tapando o sol com a peneira, vivendo na ilusão ilusória de quem se julga ser mais do que é, gente que se acha importante, seres superiores, que não assumem seu papel e sua obrigação naquele cenário tão injusto, simplificando o complexo e culpando o pobre pela pobreza que lhe é imposta.
Vi gente se enganando, entregue ao consumo, “curtindo” a vida, festejando todos os dias uma festa eterna, sem assumir sua responsabilidade adulta pela realidade à sua volta.
Vi miséria, injustiça, ignorância e indiferença, uma sociedade imatura que pouco faz e muito promete. Vi gente sofrida aplaudindo políticos ladrões como se fossem deuses. Vi gente se humilhando e chamando “rico” de “doutor”, doutorecos cheios de doutorices, mas que nada sabem e pouco têm a oferecer .
Vi tudo isso. Vi a Bahia. E fiquei triste.

Texto Original: Caminhos